quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uso de veículos elétricos é destaque no último relatório do IPCC - 11/05/07 - Bruna Dias (ABVE)

Reduzir as emissões no setor de transporte são co-benefício para a diminuição do congestionamento no trânsito, para o aumento qualidade do ar e para a segurança da energia
11/05/07 - Bruna Dias

Divulgado em maio, na Tailândia, o último estudo do 4º Relatório Mundial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) defendeu a utilização de veículos elétricos híbridos e a bateria para auxiliar na mitigação das mudanças climáticas e destacou, ainda, que a eficiência energética desempenha um papel importante neste cenário.

Segundo o relatório, já existem disponíveis comercialmente tecnologias e práticas fundamentais para a mitigação no setor de transporte. Dentre elas estão o uso de veículos com combustíveis eficientes, veículos híbridos, veículos a diesel mais limpos, biocombustíveis, deslocamentos do transporte de estrada para o trilho e sistemas de transporte público. Além disso, um destaque foi o incentivo para o transporte não-motorizado, como ciclismo e caminhada.

A previsão é que até 2030 novas tecnologias e práticas para mitigação já estejam comercializadas como a segunda geração de biocombustíveis, aeronaves mais eficientes, veículos elétricos híbridos e a bateria mais avançados com mais potência e baterias confiáveis.

No entanto, o estudo alerta para o fato de que estas variadas opções de mitigação ainda enfrentam muitas barreiras por questões de preferência de consumo e de escassez de estrutura polítca. Roberto Schaeffer, professor de planejamento energético do Coppe/UFRJ, afirmou em reportagem para o caderno especial do Valor Econômico sobre Impacto Ambiental que existem uma série de medidas viáveis que ainda não saíram do papel no Brasil. “A geração de energia elétrica por meio do bagaço da cana ainda engatinha no Brasil. Nem mesmo políticas mais rigorosas no uso do automóvel nas grandes cidades brasileiras foram desenvolvidas até agora. As principais capitais do mundo estão mais avançadas que nós”, criticou Schaeffer, um dos pesquisadores brasileiros que compõem o IPCC.

Quais as suas vantagens?

A alta eficiência energética e o baixo ou quase nulo nível de emissões de poluentes e de ruídos, que resultam num impacto ambiental quase nulo, são as principais vantagens dos veículo elétricos para os convencionais. Além disso, estudos indicam que a eficiência global da eletricidade é pelo menos o dobro, por exemplo, da gasolina.

O VEB, por exemplo, permite economia de energia e emissões nulas no local onde circulam. No caso brasileiro, cerca de 80% da geração de eletricidade é de origem hídrica, o que permite reduções de emissões totais (desde a geração de energia elétrica até a roda do veículo) muito expressivas, quando se compara o veículo elétrico a bateria com seu equivalente convencional.

O VEH permite economias de energia da ordem de 20 a 40%, quando comparado com o seu equivalente convencional com motor de combustão interna. As emissões de dióxido de carbono (CO2) são reduzidas em até 50% e as emissões de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx) são reduzidas em até 90%.

Essa economia energética pode ser ainda maior caso as baterias possam ser recarregadas a partir da rede elétrica (VEHP), permitindo reduções de emissões bem maiores, podendo ser nulas durante boa parte do trajeto diário realizada no modo exclusivo elétrico.


Taxação por emissões de carbono estão entre políticas públicas apresentadas

De acordo com o relatório, uma imensa variedade de políticas nacionais e instrumentos estão disponíveis para que os governos desenvolvam incentivos para a mitigação. Dentre elas estão a cobrança de impostos e taxas por emissões de carbono, incentivos financeiros e acordos voluntários entre indústria e governo.

No setor de transportes, algumas das políticas que se mostraram ambientalmente eficazes foram a mistura de combustíveis, impostos na compra do veículo, registo, uso e combustíveis do motor, estrada e preço do estacionamento, investimento no transporte público e formas de transporte não-motorizadas.

Além disso, a gerência de demanda de transporte é um dos temas de grande imporância para a mitigação dos gases estufa já que necessita de planejamento urbano e fornecimento de informação e técnicas educacionais. O relatório lembra, ainda, que reduzir as emissões no setor de transporte são co-benefício para a diminuição do congestionamento no trânsito, para o aumento qualidade do ar e para a segurança da energia.

Desde sua criação, em 1988, o IPCC publicou outros três relatórios mundiais de avaliação sobre mudanças climáticas: em 1990, 1995 e 2001. O último é considerado o mais completo dos já produzidos, tendo envolvido 2.500 cientistas de mais de 130 países, divididos em três grupos de trabalho (GTs), num esforço que já dura seis anos. Os três grupos de trabalho são sobre: Bases científicas (GT1); Impactos, adaptação e vulnerabilidade (GT2) e Mitigação das Mudanças Climáticas (GT3).

Nenhum comentário: